
sexta-feira, 18 de abril de 2008
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...that life begins at the end of your comfort zone. You won't find glory at the center of safety, but at its edge. You won't find love at a place where you are covered, but in the space where you are naked. You gotta take some risks. You have to not only pick up the dice, but roll 'em. So go ahead, take the gamble. You have nothing to lose except the chance to win. Neale Donald Walsch
1 comentário:
Caro Mário
Cá estou de volta à escrita para te falar, em primeiro lugar, dos Cátaros. Os estudos à volta do catarismo, assentam, sobretudo, em dois pilares: a sua religião e os castelos erguidos pelo Reino de França, na baixa Idade Média (séculos XI a XIII), na região do Languedoc (Sul de França), do qual o castelo de Quéribus que tu hoje fotografaste, é um belo exemplar. Referenciada como uma seita herética, cuja doutrina repousava sobre uma antiga concepção oriental – o maniqueísmo – atribuindo ao bem e ao mal duas origens distintas e eternas, crê-se que se espalhou na Europa através da pregação dos Bogomilos, uma seita que surgiu no antigo Império Búlgaro e que se afirmava como a “verdadeira e oculta Igreja Cristã”. A sua ramificação principal foi a dos albigenses, pois estava centralizada na cidade francesa de Albi. Rejeitavam os sacramentos e a liturgia, a propriedade, todas as formas de autoridade, e atribuíam à alma a faculdade de passar para outros seres. Em termos doutrinais existiam várias diferenças entre o catarismo e a prática romana: o seu livro sagrado era a Bíblia, em particular o novo testamento, mas de acordo com as suas crenças, Jesus Cristo não era filho de Deus, mas apenas um profeta importante; recusavam a hóstia sagrada, repartindo o pão nas suas cerimónias; não eram sexistas, permitindo que as mulheres celebrassem ritos religiosos; não reconheciam a autoridade papal; distinguiam os seus seguidores em perfeitos ou “bons homens” (praticavam o celibato e eram excelentes oradores), crentes (que se regiam pela virtude e humildade) e Ouvintes (simpatizantes da religião). Contudo, a grande diferença residia no facto de serem um grupo que acreditava na salvação pela acção pessoal e que cada ser era responsável pela sua salvação mediante a qualidade dos actos praticados. Estamos perante uma relação directa entre Deus e o Homem, que não necessitava de intermediários (a função do sacerdote na Igreja Católica Apostólica Romana). Partindo do princípio que o mundo era uma materialização do mal, ao ser humano cabia praticar o bem para que pudesse voltar ao paraíso perdido. Segundo algumas lendas, o Santo Graal teria caído nas mãos dos cátaros. No entanto, foram os cavaleiros templários que pela sua acção de resgate do Graal, teriam capturado os cátaros. É óbvio, que o grande objectivo dos templários era a imposição do catolicismo a todos os povos considerados hereges. E foi precisamente essa imposição pela força que levou a que o Papa Inocêncio III, em 1208, lançasse a Cruzada Albigense, para por fim à heresia cátara. A espada e a cruz, transformaram-se em armas letais para os cátaros. O sangue derramado em toda a região de Renne-le-Château é uma mancha negra que perdura na história da Igreja Católica. A dualidade entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, ficou bem expressa na existência dos dois deuses cátaros: o Deus do Amor e o Deus do Mundo, que representam a essência do nosso viver. Caro Mário, parabéns por te lembrares desta região francesa, com um passado que se faz presente à medida que o vamos desmontando. Os castelos cátaros ficam para a próxima crónica.
Abraço
Armando Bouçon
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