EuroScooter 2008

2 meses, 20 mil quilometros, 26 países europeus

uma Gilera Nexus 250:

A viagem a solo de Mário Cales pelas estradas da europa entre Abril, Maio e Junho de 2008.



+351 917426525

mariocales@gmail.com



terça-feira, 16 de setembro de 2008

O lado selvagem

Pelo Sonho é que vamos, comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não haja frutos, pelo sonho é que vamos. Basta a fé no que temos, Basta a esperança naquiloque talvez não teremos. Basta que a alma demos, com a mesma alegria, ao que desconhecemos e do que é do dia-a-dia. Chegamos? Não chegamos? - Partimos. Vamos. Somos.
in "Pelo Sonho é que Vamos", Sebastião da Gama

Conduzindo uma Gilera Nexus 250ie, percorri durante dois meses as estradas da Europa. Entre 13 de Abril e 15 de Junho de 2008, numa viagem a solo, tive a oportunidade de fazer mais de vinte mil quilómetros por 26 países europeus. A viagem teve o seu início ao nascer do Sol do dia 13 de Abril em Leça do Balio ao que segui para a Torre de Belém em Lisboa onde foi realizada a partida oficial da viagem.
Nos dias seguintes atrravessei Espanha passando por Valencia, Sevilha e Barcelona. Alcancei Perpignan (França) no dia 17 de Abril, viajando então pelos Pirinéus Orientais. O tipo de percurso de montanha, com muitas curvas e inclinações acentuadas, piso escorregadio e bermas constituídas por acentuados declives, aliado ao peso da bagagem necessária para uma viagem de dois meses não foram difíceis de contornar constituindo o primeiro “teste” a sério. Este foi muito bem ulrapassado pela moto que esteve mais do que à altura do desafio proporcionando-me uma viagem muito confortável e célere. Nesta região, visitei alguns castelos na designada rota do país do Cátaros nomeadamente a um dos seus locais mais emblemáticos: Rennée-le-Chateau.
A bagagem... claro! Mesmo tendo lido inumeros livros sobre viagens de moto onde se realçava sempre a preocupação com a selecção e montagem da nossa "casa" durante os meses de viagem, mesmo assim, dizia, eu acreditava que não iria passar por isso. Mas passei. Devido a algumas contrariedades familiares, tive de fazer as malas rapidamente e pus tudo aquilo que julgava precisar. Bem me enganei porque passados alguns dias já a bagagem tinha emagrecido uns quilitos. Para aqueles que pretendem fazer uma aventura deste tipo, um conselho que não segui: façam experiências com a bagagem alguns dias antes. Não se preocupem em tirar as ceroulas das gavetas para simular a bagagem necessária durante a viagem. Vai compensar quando não tiverem de parar duas ou três vezes durante o percurso diário para "ajeitar" isto ou aquilo. Além disso, é essencial neste tipo de viagem que se consiga decorar onde está todo o material - incluindo a roupa suja. Assim, ao sabermos exactamente "o que está onde", poupamos imenso tempo no monta e desmonta diário.

Depois de percorrer diversas cidades francesas (de onde destaco Marseilha e Nice) conduzi no circuito citadino da Formula 1 do Mónaco, e numa fabulosa estrada que acompanhava as margens do Mediterraneo. Lindo! Fazia lembrar o cenário de um anuncio da Martini ou de um filme do Bond!. Terminou o oitavo dia de viagem em Laigueglia, uma magnifica cidade costeira nque me fez lembrar a minha cidade natal, Espinho devido ao cheiro do mar e a luz que tem. É um verdadeiro prazer conduzir a Gilera que tem uma ciclistica e motorizacao fantásticas em estradas de montanha. Tive de fazer uma travagem de emergência devido a uma interpretação errada do gps e a moto segurou-se muito bem.

No dia do meu aniversário, 24 de Abril, estive na casa-mãe da Piaggio em Pontedera (Italia, claro) onde fui agraciado com uma excelente visita guiada ao museu Piaggio enquanto a moto usufruía de uma revisão feita pelos especialista Gilera. Depois de passar os Alpes marítimos, mais um desafio bem vencido pela moto, visitei Milão e Bolonha. Conduzir em Milão é por si só uma experiência fantástica e única. Existem milhares de motos de todos os tipos, sobretudo maxiscooters. Ao contrário de Portugal, a moto muito valorizada e utilizada. Habituado à condução calma que tenho praticado nestes últimos dias, foi um desafio conduzir por entre os condutores “ferrari” italianos. As motos são autênticas balas e os carros, antes de fazerem qualquer tipo de manobra aguardam que todas as motos saiam do caminho – o que fazem muito rapidamente. Obviamente que eu ficava para trás e os carros estranhavam tanta calma numa scooter. Comecei então a preocupar-me mais em ver onde estavam as outras motos tentado estar o mais à direita possível depois de alguns sustos. É inacreditável o que estes italianos motards fazem na estrada: falam ao telemóvel enquanto conduzem as scooters, cruzam vias com risco continuo, andam nos passeios quando não há espaço na estrada... Mas o facto é que não assisti a um único acidente nem sequer a qualquer tipo de problema ou buzinadela entre todos os condutores. Existem motos de todos os tipos, marcas, cilindradas, modelos, sei lá... aqui a motos não devem pagar impostos luxuosos e por isso o trânsito em Milão é muito fluído comparado a Porto ou Lisboa.
Em Itália senti-me em casa porque os italianos são muito parecidos com os portugueses. Extremamente afáveis e simpáticos, sempre prontos para ajudar mesmo que não percebam nada do que digo. Também conduzem como os portugueses, de modo agressivo e sem respeitarem os limites de velocidade. Alias, várias vezes ouvi buzinadelas por estar a ir dentro dos limites que o meu gps indicava serem os locais. Decidi então que iria sempre atrás de um carro italiano e assim se fossemos multados ao menos era uma culpa partilhada.
No décimo terceiro dia de viagem cheguei a Ljublijana, na Eslovenia onde a moto foi testada aos seus limites e posta à prova em condições extremas. A viagem entre Bologna e Ljublijana foi feita em autoestrada porque o percurso em estrada normal demoraria 7 horas. Logo no inicio do dia aconteceu uma peripécia importante de ser contada para aqueles que pretendem viajar ate Itália. Fui meter gasolina em Bologna num dia que era feriado e por isso os postos estavam todos fechados com apenas os que têm escrito 24/24 a funcionar. Escolhi aquele que tinha a gasolina menos cara e coloquei uma nota de cinquenta euros para atestar o depósito. No fim, o deposito da Gilera apenas pediu 18 euros pelo que espererei pelo troco. Esperei, sem sucesso. Comecei a andar a volta da máquina para ver se havia algum local para o troco quando reparei num cartaz da gasolineira com a foto de quem parecia ser o dono daquilo. Por coincidência ele tinha acabado de estacionar o Mercedes na bomba da frente pelo que me dirigi a ele explicando a historia. Como a maioria dos italianos, também este não falava inglês pelo que demorei um pouco a explicar o que se tinha passado. No final, e depois de obter um comprovativo que tinha ficado emperrado na maquina registadora devolveu-me o troco. Explicou que aquelas maquinas não dão troco e o que as pessoas normalmente fazem é guardar os recebidos para depois ali voltarem para solicitar o troco. Durante a viagem até à Eslovénia começou a tempestade mais forte que me lembro de ter ultrapassado conduzindo uma moto. Imaginem o tambor de uma máquina de lavar e multipliquem isso por dez e obterão metade daquilo que senti durante a viagem. Como tive ainda de esperar meia hora pelo meu anfitrião, estava mesmo a tremer de frio quando passa uma moradora do prédio onde fiquei instalado que, vendo o estado em que eu estava e depois de eu explicar a historia toda, me disse para ir tomar um banho quente a sua casa. Naquele momento, porem, chegaram os meus anfitriões e por isso não foi necessário aceitar a oferta.
Ljublijana é uma cidade muito bela que tem uma uma cintura de montanhas que lhe dão um ar imponente. Na minha estadia nesta cidade, encontrei mais um português a viajar pelo mundo, de nome João Esteves. Ontem estivemos a conversar sobre as nossas experiencias pessoais e fiquei bastante sensibilizado com os meus anfitreões que contaram a sua experiência de voluntariado no Kosovo depois da guerra. Os pormenores sentidos de quem viu e tocou nos destroços de uma guerra foram muito fortes. Sobretudo quando referiam a entrada dentro das casas de pessoas que tinham sido assassinadas para levantar os seus pertences e deparavam com toda a historia de uma família que já não existia: brinquedos e roupas de crianças, fotografias, enfim... Hoje vou para Zagreb. Ainda nao tive tempo de escrever o texto sobre os meus dias em Bolonha e em Pontedera (onde estive na casa mae da Piaggio) nem de tratar as fotos destes ultimos dias.
Seguiram-se a Croácia (Zagreb) e a Sérvia (Belgrado e Nis). Por vezes dou por mim a pensar na utilidade de existir um União Europeia que me permite viajar quase sem ter de parar em fronteiras... se houver uma União Mundial, então aí o mundo torna-se verdadeiramente pequeno. A única fronteira onde mostrei o meu passaporte foi a na Sérvia e mesmo assim quando viram que eu sou português mandaram-me seguir de imediato. Parei mais à frente na zona da inspecção das bagagens mas o oficial que lá estava mandou-me seguir com um ar muito aborrecido de como quem quer dizer, "ninguém te mandou parar..." Durante uma festa de aniversário em Zagreb e apercebi-me da mágoa que ainda existe nos corações croatas a propósito da recente guerra com a Sérvia. No fim da festa de aniversário já só se cantavam canções de resistência acompanhadas à viola e ao whiskey. Explicaram-me que durante a guerra muitas vezes a rádio era a sua única companhia nos abrigos subterrâneos e por isso as músicas ficaram nos corações de muitas gerações. Isto é uma zona estranha. Os três países que já conheci, Eslovénia, Croácia e Sérvia não se entendem entre eles. Croatas e Sérvios não gostam uns dos outros nem da Eslovénia. Depois existe ainda o Kosovo e afins, a Macedónia que visitaria no dia seguinte. Em Belgrado tirei fotos do edifício que foi bombardeado pela Nato. A minha noção, enquanto estrangeiro que passa apenas um dia em cada um dos países, é de que de facto são povos que apesar de viverem na mesma região têm características muito diferentes. Os Eslovenos são muito parecidos com os povos do Norte da Europa, os Croatas ficam no meio entre os italianos, os espanhóis e os ditos povos do Norte e por sua vez os Sérvios são muito parecidos com os Soviéticos. Quando digo parecidos falo não só em semelhanças físicas mas também em comportamentos e no aspecto das cidades. Enquanto que nos dois primeiros países existe uma riqueza que se nota muito bem na qualidade das casas e dos carros, na Sérvia, ainda se vive um pouco a rudez de outros tempos. Eles esforçam-se para serem simpáticos: parei duas vezes, uma para por gasolina e outra para pedir informações e encheram-me de presentes como canetas e brochuras sobre a cidade. Ficam muito admirados por eu ser português e dizem-se parecidos connosco, com orgulho. Mas não sei porquê parecem-me pouco naturais quando tentam ser simpáticos. As suas expressões ainda são carregadas e os sorrisos são apenas esgares meio forçados. O país é muito bonito e a Cidade de Belgrado tem algumas zonas mais antigas muito bonitas. Os prédios mais recentes, da época comunista são, obviamente horríveis e metem verdadeiramente medo. Parecem escuras prisões em formato caixa de fósforos. A poluição é enorme e eu que vinha habituado aos ares do campo dos dois países anteriores estranhei o constante cheiro a combustível que paira no ar. Apesar de aqui na Sérvia eles terem uns semáforos fabulosos que têm uma contagem decrescente para o verde surgir - para que os condutores possam desligar os motores dos carros e assim reduzir a poluição - os carros antigos que por aqui circulam são verdadeiras chaminés de fumo preto. Gostei muito da Croácia e dos croatas, povo que achei um pouco semelhante a nós - mais do que os sérvios.
Já na Grécia visitei cidades como Thessalonica, Esparta e Atenas, entre outras. Adoro a Grécia! É o meu segundo país favorito depois de Portugal e logo antes da Itália. Os gregos são muito práticos. Conduzam na estrada toda, incluindo as bermas, fazendo com que todas as estradas gregas tenham pelo menos 4 faixas. Começo a entender o dito popular "isso é grego para mim" porque de facto é completamente impossível percebê-los...mesmo! Posso perguntar-lhes algo em inglês, francês, português, espanhol, russo ou marciano que eles respondem-me sempre em grego! Sempre! E continuam a falar a falar a falar mesmo que eu insista por gestos que não percebo nada. Quem julga que o inglês é universal, nunca esteve na Grécia. Os gregos realmente julgam que o grego é uma língua dos deuses compreendida por todos os comuns mortais. O país é belíssimo! Tem uma diversidade de paisagens fabulosas. Estive no monte Olimpo onde os deuses brincaram comigo empurrando por duas vezes a moto para o chão... Aqui na Grécia sempre que digo que sou português (indicando normalmente o nome de Portugal que está no casaco) ouço sempre a mesma piada relativa a termos perdido no Euro contra eles... "Euro... Euro" - Dizem, seguido de um gesto de vitória perfeitamente compreensível... Lá respondo que este ano ganhamos nós, mas sem qualquer tipo de compreensão deles. Vejo-me "grego" para encontrar os locais onde fico a dormir nas cidades porque além do meu GPS apenas me trazer até à porta de entrada das cidades (é um pacto que tenho com ele... ele leva-me à cidade de destino e depois eu desenrasco-me) não entendo absolutamente nada do que está escrito nas placas... Além disso, os gregos têm nas cidades três, quatro ou mais locais com o mesmo nome e eu vou a todos eles antes de encontrar o certo. Demoro em média três horas desde que chego à cidade até encontrar o local onde vou dormir.
Segui em direcção à Roménia onde, no vigésimo sexto dia, e por coincidência, encontrei outro viajante: o Príncipe Carlos em plena visita a Saschiz, uma minúscula aldeia da Transilvânia que já teve 7 igrejas. Roménia e Bulgária têm as piores estradas da Europa, um autêntico martírio para os condutores. Valeu-me o conforto e a resistência do material da minha gIlera. Budapeste, na Hungria foi a cidade visitada no vigésimo oitavo dia.
No dia seguinte, Bratislava, na Eslováquia e depois Ostrava na República Checa antes de entrar na Polónia onde visitei Cracóvia, Lodz, Varsóvia e Bialystock. Quando fiquei a dormir na casa dos pais de um membro do Couch Surfing tive uma uma experiencia muito bonita. Os pais não falavam inglês nem eu falava checo mas a filha fazia a tradução. Das coisas mais impressionantes que me contaram, terá sido a razão que os leva a apoiar a filha a fazer couch surfing. Disseram eles que como viveram na época do comunismo, não tiveram a oportunidade de viajar para o estrangeiro. Então, ao permitirem que a filha tome contacto com viajantes e ela própria possa fazer viagens é também um modo de eles sentirem a liberdade de que agora usufruem. Tomei consciência uma vez mais da importância que a liberdade tem nas nossas vidas porque e ela que nos dá não só o prazer de fazermos as coisas que gostamos mas também e ela que nos da a responsabilidade pelas decisões que tomamos.
Depois foram as etapas na Lituania, Letónia e Estonia. Parte da comunidade russa que vive nestes países, sobretudo os homens, são muito agressivos. A maioria dos habitantes locais é, no entanto, muito hospitaleira. Há uma grande comunidade russa nestes países e existem alguns problemas entre alguns deles e os locais. Os turistas sexuais também não são apreciados, sobretudo os alemães e os ingleses que não respeitam os costumes locais e quando bebem perdem a noção de convivência. Os lusos, ao bom estilo latino, namoram, casam e têm descendência com as mulheres locais. Quando fiquei em casa de uma família da Lituania, um dos seus filhos disse-me que estava muito feliz porque há muito que não via a sua família assim reunida em redor da mesa de jantar. Todos têm diferentes horas para jantar e nunca se encontram. Mas por minha causa todos quiseram jantar ao mesmo tempo e foi fabuloso comunicar com esta família. O pai esteve na guerra do Afeganistão e adora o Eusébio. Fez uma visita guiada a um velho cemitério com soldados da primeira e da segunda guerras mundiais e continuava a repetir que os homens são estúpidos por fazerem guerras e morrerem sem apreciar a verdadeira essência da vida. Este e um país que foi ocupado por alemães e soviéticos e os seus soldados dormem o sono eterno ao lado dos soldados lituanos e judeus. O meu anfitrião salientava o respeito que todos os mortos merecem, mesmo sendo ocupantes.
Entretanto tive ainda a oportunidade de apanhar um ferry para a Finlândia e de passar por três cidades deste país. A vida na Finlândia é muito calma, comparativamente a outros países por onde passei. Um dos exemplos numa foto que tirei meio às escondidas quando estacionei a Gilera junto de duas motos da polícia local onde também consegui apanhar um dos dois polícias motards que estavam descontraídamente a tomar uma bebida numa das esplanadas de Helsinquia com frente para o mar Báltico. Por aqui e difícil dormir porque existe nesta altura do ano as chamadas “noites brancas”, onde o Sol nunca se vai verdadeiramente embora e a noite parece um contínuo amanhecer. Às quatro da manha é já dia posto e isso complica um pouco o meu bioritmo. O frio é também muito, apesar de me dizerem continuamente que estamos em tempo de verão.
No regresso à Estonia tentaram roubar-me a moto em Tartu no que foi um dos dias mais complicados da viagem. Seguiu-se a descida pelos países do Báltico que já visitara no meu percurso ascendente: Letonia e Lituânia. Novamente na Polónia, onde visitei Gdansk e de seguida Bremen, na Alemanha. O português é uma língua muito apreciada na Polónia e, por exemplo, ontem recebi uma mensagem de um polaco que viu no site do jornal publico a minha viagem e por isso quis conhecer-me. Estivemos num bar ao fim da tarde a falar português, o que foi uma experiencia agradável: ouvir pessoas estrangeiras a falar português.
Conduzir na Alemanha é como conduzir no paraíso motard. As estradas, os condutores e as paisagens são fabulosas. Tive dois sustos e uma boa surpresa durante a viagem. O primeiro susto foi um pequeno antílope que resolveu justificar a presença dos sinais de perigo alertando para a passagem destes animais pela estrada e se atirou para a frente da minha moto sem qualquer aviso prévio. A vegetação é alta e o antílope pequeno e só o vi quando ele pulou a escassos centímetros da dianteira da Nexus. O que vale é a estabilidade e segurança da moto que respondeu muito bem ao travar repentino. O segundo precalço, não teve um final tão feliz porque a pomba que resolveu embater contra o meu capacete no deve ter conseguido resistir ao impacto. Fiquei com o suporte partido do capacete mas ainda assim funciona, o meu AGV. A boa surpresa foi um alemão que parou o carro nos semáforos perto da minha moto - bem, a verdade é que fui eu com a minha condução portuguesa que me coloquei ao lado dele - e depois de observar a minha moto, perguntou de onde eu era me ofereceu ma excelente lanterna de bolso, oferta da marca da qual ele devia ser vendedor.
Holanda e Bélgica foram os países seguintes que passei em direcção à Suíça. Antes de lá chegar, pernoitei em Estrasburgo, cidade francesa que já foi alemã. Na Suíça fui recebido por um representante da Federação Portuguesa de Futebol e assisti ao primeiro jogo de Portugal num ecrãn gigante montado no centro de Genebra. A festa nas ruas depois da vitória de Portugal fez-me sentir exuberantemente em Portugal.
Na viagem de regresso por França e Espanha apanhei o bloqueio rodoviário dos camionistas o que me proporcionou momentos memoráveis. Terminei a minha viagem de dois meses, fazendo o Caminho de Santiago até à Cidade de Espinho, minha cidade natal.
Do que fica depois da viagem, sinto sobretudo um sentimento de valorização experiencial pessoal e a sensação de que a vida é, em primeiro lugar, uma viagem. Ao viajar solitário encontramo-nos muitas vezes com o nosso essencial.
Mário Cales

Viagem que é viagem só começa, nunca termina, entranha-se, adquire vida própria e, dentro, viaja. E, dentro, viaja muito depois de termos chegado.As viagens somos nós. As viagens são sempre a nós, aos nossos confins, aos sítios de nós onde ainda não tínhamos estado. Quanto mais conhecemos do mundo, mais ele se torna maior. E nisso não existe maior grandeza."
Luís Cabral, Extraído de Estação do Calor: dia 81

quarta-feira, 30 de julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Amor

Por muito que se escreva, pinte ou utilize outra forma de arte, o amor é sempre aquele sentimento desconhecido. Existem diversas formas de amar, mas basicamente a sua intensidade é directamente proporcional à sua exigência. Nestas minhas divagações onde me tento entender - é para isso também que serve um blog: exprimir publicamente o que nos assusta fazer em privado - compreendi que sou uma pessoa que ama intensamente. Logo, sofro intensamente. Entendo agora que amo a vida através do que ela me dá: as pessoas, as vivências, os sentires. No fundo, a relação que tenho com a vida é a mesma que tenho com o amor. Medo da dependência, medo de não ser amado de forma pelo menos igual, medo da ausência, medo da perda. O amor é um sentimento que nos faz sentir as melhores e as piores coisas do mundo. Talvez os artistas sejam o expoente máximo na forma de exprimir e transmitir esse sentimento. A minha viagem foi também uma viagem de amor. Uma viagem de amor pela vida. Uma viagem que me pediu muito em troca. Mas é assim quando amamos. Tudo fazemos por esse amor, tudo queremos fazer, tudo desejamos em nome desse amor. Talvez que o amor que mais nos exige, seja este amor que nos une ao sentir de viver.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Belgrado


Belgrado


Belgrado


Belgrado


Servia - Belgrado



Genebra, 07.06.08


Genebra, 07.06.08


Genebra, 07.06.08


Genebra, 07.06.08


Estrasburgo


Holanda - Cristiano Ronaldo again


Holanda


Holanda


rEvolução!


Genebra, 07.06.08


Genebra: Portugal-Turquia


Genebra, 07.06.08


Finlandia

A vida na Finalandia é muito calma, comparativamente a outros países por onde passei. Um dos exemplos está nesta foto. Estacionei a Gilera junto de duas motos da polícia local e depois tirei uma foto meio às escondidas onde também consegui apanhar um dos dois polícias motards que estavam descontraídamente a tomar uma bebida numa das esplanadas de Helsinquia com frente para o mar Báltico.

Ferry de Tallinn para Helsinquia


Finlandia


Lituania


Lituania


Tempo de passagem (Lituania)


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Revisão Geral da Guerreira


Nas mãos do expert Hugo (HTC)